Trump volta a citar Lula e acusa Brics de ameaçar o dólar
- Luana Valente

- 15 de out.
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Em declarações recentes feitas em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a mencionar o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, destacando uma “boa conversa” telefônica entre ambos no início de outubro. Apesar do tom mais brando em relação ao líder brasileiro, Trump adotou uma postura dura ao comentar sobre o grupo Brics, que classificou como uma ameaça direta à supremacia do dólar no comércio internacional.
Durante um encontro bilateral com o presidente argentino Javier Milei, Trump afirmou que o Brics — bloco atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã — estaria promovendo um “ataque ao dólar” ao propor a criação de uma moeda própria para transações comerciais entre os países-membros. Segundo ele, essa iniciativa representa um risco à estabilidade financeira global e à liderança econômica dos Estados Unidos.
Como resposta, Trump ameaçou impor tarifas comerciais aos países do bloco, incluindo o Brasil. A retórica protecionista reacende tensões diplomáticas e comerciais entre Washington e os integrantes do Brics, especialmente em um momento em que o grupo busca ampliar sua influência geopolítica e reduzir a dependência do sistema financeiro norte-americano.
Apesar das críticas ao Brics, Trump fez questão de destacar que mantém um canal de diálogo aberto com Lula. A conversa entre os dois líderes teria ocorrido no dia 6 de outubro, após um compromisso assumido durante a 80ª Assembleia-Geral da ONU. Fontes diplomáticas indicam que Lula aproveitou o contato para solicitar a revogação de tarifas de 40% sobre exportações brasileiras aos EUA, além de pedir o fim de sanções impostas a autoridades brasileiras com base na Lei Magnitsky.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, está nos Estados Unidos nesta semana objetivando reunião com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. A agenda inclui temas econômicos e comerciais, além de questões regionais e diplomáticas. A expectativa é de que esse possível encontro sirva para amenizar os efeitos das declarações de Lula para preservar os interesses brasileiros no cenário internacional.
O posicionamento do presidente norte-americano ocorre em que os Brics tem buscado atrair novos membros e fortalecer mecanismos alternativos ao sistema financeiro dominado pelos EUA. A proposta de uma moeda comum, embora ainda embrionária, tem sido vista por analistas como um movimento estratégico para desafiar a hegemonia do dólar e ampliar a autonomia dos países emergentes.
A tensão entre Washington e o Brics promete ser um dos temas centrais da diplomacia global nos próximos meses, especialmente diante da aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos e da redefinição de alianças estratégicas no cenário multipolar.






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