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“Quem avisou o Comando Vermelho? Vazamento sob investigação após operação mais letal da história do Rio de Janeiro


Antônio Lacerda/EFE
Antônio Lacerda/EFE

A suspeita de vazamento de informações sobre a megaoperação no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, está sendo investigada pelas autoridades após indícios de que criminosos se anteciparam à ação policial.



Antônio Lacerda
Antônio Lacerda

Rio de Janeiro — A megaoperação realizada no último dia 28 nos complexos da Penha e do Alemão, considerada a mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, deixou ao menos 121 mortos, incluindo quatro agentes de segurança, e reacendeu o debate sobre a segurança das informações estratégicas das forças policiais. A principal suspeita que paira sobre a ação é a de que houve vazamento de dados operacionais, permitindo que membros do Comando Vermelho se preparassem para o confronto e escapassem do cerco.


Segundo reportagem da Brasil Paralelo, um dos indícios mais contundentes surgiu a partir de uma publicação feita por Juan, um dos suspeitos presos durante a operação. A postagem, feita antes do início oficial da ação, sugeria que os criminosos já estavam cientes da movimentação policial. Além disso, imagens captadas por drones da polícia mostram traficantes fortemente armados reunidos no alto do Complexo da Penha, o que reforça a tese de que a operação não foi surpresa para o grupo criminoso.


O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, líder do Comando Vermelho na região, conseguiu escapar. De acordo com o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, Doca utilizou “soldados” do tráfico como barreira humana para garantir sua fuga. A estratégia, segundo o secretário, é comum entre líderes da facção e dificulta a captura durante ações policiais.


A operação, batizada de Operação Contenção, foi conduzida pelas polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público Estadual. Apesar de o MP ter sido responsável pela investigação que levou à denúncia de 69 membros do Comando Vermelho, ele não participou diretamente da execução da operação Estadão. O procurador-geral de Justiça do Estado, Antônio José Campos Moreira, afirmou que o MP irá investigar a atuação das forças policiais e acompanhará o processo de reconhecimento dos corpos.


A suspeita de vazamento levanta questões sobre a integridade dos canais de comunicação entre as instituições envolvidas e sobre possíveis infiltrações ou falhas internas. Até o momento, nenhum agente público foi formalmente acusado de ter repassado informações à facção, mas a apuração segue em curso.


Enquanto isso, o governo estadual anunciou a criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado, com o objetivo de reforçar a inteligência e a articulação entre os órgãos de segurança. A Defensoria Pública também se manifestou, apontando indícios de ilegalidade e violação de direitos durante a operação, o que pode ampliar ainda mais o escopo das investigações.


A megaoperação impulsiona o debate sobre o modelo de enfrentamento ao tráfico no Rio de Janeiro e sobre os riscos de ações que, embora planejadas para desarticular facções criminosas, podem ser comprometidas por falhas internas e resultar em tragédias de grande escala.



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