Senador dos EUA ameaça “esmagar” economia brasileira por compra de petróleo russo

Lindsey Graham

Em meio à escalada das tensões geopolíticas provocadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, o senador norte-americano Lindsey Graham, aliado próximo do ex-presidente Donald Trump, fez duras declarações contra o Brasil nesta segunda-feira (21). Em entrevista à emissora conservadora Fox News, Graham afirmou que os Estados Unidos devem impor tarifas de até 100% sobre países que continuarem comprando petróleo russo, incluindo Brasil, China e Índia.

Segundo o senador republicano da Carolina do Sul, essas nações estariam financiando a “máquina de guerra” de Vladimir Putin ao manter relações comerciais com Moscou no setor energético. “Vamos impor tarifas pesadas contra vocês e vamos esmagar suas economias, porque o que vocês estão fazendo é dinheiro manchado de sangue”, declarou Graham.

O Brasil, que duplicou suas importações de produtos russos desde o início do conflito em 2022, tornou-se alvo direto da retórica americana. Em 2024, o país gastou US$ 12,2 bilhões em compras da Rússia, sendo US$ 7,18 bilhões em combustíveis e US$ 4,17 bilhões em fertilizantes, segundo dados da Comtrade. A Rússia é atualmente o maior fornecedor de diesel para o Brasil.

A ameaça de Graham ocorre em um momento de crescente pressão diplomática por parte dos EUA e da Otan. O novo secretário-geral da aliança militar, Mark Rutte, também pediu que os países do Brics intensifiquem a pressão sobre o Kremlin para encerrar o conflito.

A fala do senador intensifica a guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos, que já vinha se desenhando com ameaças anteriores de Trump de aplicar alíquotas de 50% sobre exportações brasileiras. Agora, o argumento geopolítico da guerra abre uma nova frente de conflito, colocando em xeque a autonomia diplomática e energética brasileira.

Fontes do governo brasileiro indicam que reuniões estão sendo realizadas para avaliar uma resposta diplomática à ameaça, considerando os impactos econômicos e políticos de uma possível retaliação comercial.

Graham foi enfático ao afirmar que os países terão de escolher entre manter relações com a Rússia ou preservar seus laços com a economia norte-americana. “A China, a Índia e o Brasil vão ter de escolher entre a economia norte-americana e ajudar Putin. E eu acho que eles vão escolher a economia norte-americana”, disse o senador.

Vale frisar que dependendo dos desdobramentos, o país poderá enfrentar sanções severas que afetariam setores estratégicos como o agronegócio e a indústria de combustíveis.