Tarcísio intensifica articulação no STF para prisão domiciliar de Bolsonaro

Governador de São Paulo busca convencer ministros, em especial Alexandre de Moraes, de que a Polícia Federal não tem condições de garantir cuidados médicos adequados ao ex-presidente em Brasília

Redes Sociais

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem atuado nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar viabilizar a transferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para prisão domiciliar. A movimentação ocorre em meio às preocupações com o estado de saúde do ex-chefe do Executivo, que está sob custódia da Polícia Federal na Superintendência em Brasília desde sua prisão em regime fechado.

Segundo apuração, Tarcísio tem buscado diálogo direto com ministros da Corte, com foco especial no ministro Alexandre de Moraes, relator de processos envolvendo Bolsonaro. O governador argumenta que a estrutura da Polícia Federal não seria capaz de assegurar condições adequadas para o tratamento médico do ex-presidente, que enfrenta problemas de saúde e necessidade de cirurgia para correção de uma hérnia. A defesa de Bolsonaro já havia solicitado autorização para procedimentos médicos emergenciais, reforçando a tese de que a manutenção da prisão em Brasília poderia agravar seu quadro clínico.

A estratégia de Tarcísio também tem um componente político. Aliados avaliam que uma eventual piora da saúde de Bolsonaro sob custódia poderia gerar desgaste institucional para o governo federal e para a própria Polícia Federal. Nesse sentido, o governador tem insistido que a prisão domiciliar seria uma solução mais equilibrada, capaz de preservar tanto a integridade física do ex-presidente quanto a imagem das instituições envolvidas.

Nos últimos dias, Tarcísio intensificou sua aproximação com Moraes, após episódios de tensão entre ambos. Em entrevistas, o governador declarou esperar “bom senso” e “sensibilidade” por parte do STF diante da situação de saúde debilitada de Bolsonaro. Ele chegou a afirmar que pretende visitá-lo em casa, caso a prisão domiciliar seja concedida, sinalizando confiança em uma decisão favorável.

O cenário jurídico, no entanto, permanece incerto. A decisão sobre a prisão domiciliar depende da avaliação dos ministros do Supremo, que têm considerado não apenas os argumentos médicos, mas também o impacto político e institucional da medida. A discussão ocorre em paralelo ao debate sobre o chamado PL da Dosimetria, aprovado no Senado e que poderia beneficiar Bolsonaro, mas que enfrenta veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto isso, a defesa do ex-presidente segue pressionando por uma solução rápida, alegando que a permanência na Superintendência da PF em Brasília representa risco à sua saúde. A articulação de Tarcísio, portanto, insere-se em um contexto de disputa jurídica e política que deve marcar os próximos desdobramentos do caso no Supremo Tribunal Federal.