À Beira do Colapso: Especialistas alertam para crise econômica no Brasil

Ueslei Marcelino / Reuters

O Brasil se encontra em um momento de alerta máximo no cenário econômico. Relatórios recentes da Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado Federal, apontam que a política fiscal do país está em rota de colisão com a sustentabilidade financeira, levantando preocupações sobre um possível colapso econômico nos próximos anos.

Segundo o Relatório de Acompanhamento Fiscal da IFI, o governo federal tem utilizado artifícios contábeis para manter as contas dentro das metas estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal. Em 2025, o déficit primário foi estimado em R$ 83,1 bilhões — valor dentro da meta de até R$ 97 bilhões negativos. No entanto, especialistas alertam que cerca de R$ 55 bilhões em despesas foram excluídas das contas oficiais, o que compromete a transparência e a credibilidade do orçamento público.

A professora de Economia do Insper, Juliana Inhasz Kessler, afirma que “o país utiliza artifícios contábeis para conseguir ficar dentro das metas que o próprio governo estabeleceu”, o que, segundo ela, fragiliza a capacidade do Estado de cumprir suas promessas fiscais.

Outro ponto crítico é o crescimento acelerado da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que atingiu 77,6% do PIB em 2025. Projeções indicam que esse índice pode ultrapassar 100% até 2030 e alcançar até 170,3% em 2035 em cenários pessimistas. Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o país caminha para esse nível de endividamento “em ritmo cada vez mais acelerado”, impulsionado pela ausência de reformas estruturais e cortes em despesas obrigatórias.

Especialistas alertam que, sem mudanças drásticas na condução da política fiscal, o Brasil pode enfrentar uma crise financeira severa até 2028. As consequências podem incluir aumento do desemprego, queda no poder de compra, convulsões sociais e perda de confiança nos mercados internacionais.

Economistas como Eduardo Giannetti e Ana Paula Vescovi defendem reformas profundas, como a desindexação de gastos públicos e maior flexibilidade orçamentária. Eles argumentam que o país ainda tem tempo para agir, mas que o momento exige decisões firmes e responsabilidade fiscal para evitar um cenário de colapso.