Crise de hospedagem em Belém gera pressão internacional por mudança de sede da COP30

MSN

A menos de cinco meses da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém, delegações internacionais expressaram forte insatisfação com os preços elevados das hospedagens na capital paraense. A situação chegou a tal ponto que representantes de países africanos e europeus cogitaram formalmente solicitar a transferência da sede para outra cidade brasileira.

Durante a 62ª reunião dos Órgãos Subsidiários da ONU (SB62), realizada em Bonn, Alemanha, diplomatas denunciaram que hotéis em Belém estariam cobrando até cinco vezes o valor de referência da ONU, que é de US$ 145 por diária. A escassez de acomodações e a disparada nos preços foram apontadas como obstáculos à participação de delegações de países em desenvolvimento, comprometendo o caráter inclusivo da conferência.

O governo brasileiro, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), notificou hotéis e plataformas de hospedagem para prestarem esclarecimentos sobre os valores praticados, especialmente durante o Círio de Nazaré, evento que tradicionalmente aquece o setor hoteleiro local. Caso sejam identificados abusos, os estabelecimentos poderão ser multados — embora apenas após a realização da COP30, devido aos trâmites legais.

Valter Correia, secretário extraordinário da COP30, afirmou que o governo está tentando negociar com o setor hoteleiro e lançar uma plataforma oficial de reservas com preços mais acessíveis. A meta é oferecer mais de 55 mil leitos, incluindo cabines em navios de cruzeiro, com diárias em torno de US$ 100.

Apesar das críticas, o governo federal mantém o compromisso de realizar a conferência em Belém. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente-designado da COP30, destacou que o simbolismo de sediar o evento na Amazônia é maior do que os desafios logísticos enfrentados.

A COP30 está prevista para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro e deve reunir cerca de 50 mil participantes de mais de 190 países. A pressão internacional, no entanto, acende um alerta: sem soluções rápidas e eficazes, o Brasil corre o sério risco de ver sua liderança climática colocada em xeque.