Ex-assessor do TSE afirma que ordens de Moraes eram incontestáveis

Antônio Augusto / TSE

Em uma recente entrevista, Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revelou detalhes sobre sua experiência ao cumprir ordens do ministro Alexandre de Moraes. Tagliaferro destacou que, durante o período em que trabalhou sob a direção de Moraes, não havia espaço para questionamentos ou recusas. "Não existia alternativa de dizer não", afirmou Tagliaferro.

A declaração de Tagliaferro veio à tona em meio a investigações sobre o vazamento de mensagens de auxiliares do ministro. Segundo ele, as ordens de Moraes, especialmente no contexto das investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados no inquérito das "fake news", eram rigorosamente cumpridas. Tagliaferro enfatizou que sua função era seguir as diretrizes estabelecidas, independentemente de suas próprias opiniões ou dúvidas.

Tagliaferro também mencionou que, apesar de não ter contato direto frequente com Moraes, a comunicação era feita por meio de intermediários que repassavam as demandas do ministro. Ele comparou a situação a um cozinheiro que, mesmo discordando de um ingrediente solicitado pelo dono do restaurante, ainda assim o adiciona ao prato.

A pressão e a carga de trabalho intensa durante as eleições foram outros pontos destacados por Tagliaferro. Ele relatou que muitas vezes sentia que algumas demandas não estavam diretamente relacionadas às eleições ou às funções do TSE, mas que, ao questionar seus superiores, era instruído a continuar seu trabalho sem maiores ponderações.

Essas revelações lançam luz sobre a dinâmica interna do TSE e a influência de Moraes nas investigações em curso, levantando questões sobre a autonomia e a pressão enfrentada pelos funcionários do tribunal.