
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a investigação do inquérito de um suposto golpe é mais grave do que o escândalo do Mensalão. Segundo Mendes, a gravidade dos fatos narrados torna o caso singular e de difícil comparação com outros escândalos já julgados pela Corte, como o Mensalão e a Lava Jato.
O ministro destacou que a investigação da Polícia Federal foi "exemplar", reunindo diversas provas, como áudios e mensagens, que reconstituem os eventos. Mendes afirmou que a delação do tenente-coronel Mauro Cid está lastreada em fatos e que as cobranças feitas pelo ministro Alexandre de Moraes para que o militar explicasse as divergências entre falas e as provas encontradas estão dentro do que prevê a lei.
Para Mendes, a tentativa de golpe relatada pela Polícia Federal apresenta uma situação alarmante, envolvendo um suposto plano assassinato envolvendo o presidente da República, o vice-presidente e ministros do Supremo, além de prender outros e fazer uma intervenção. Ele ressaltou que, embora o Mensalão tenha envolvido a corrupção da democracia e a compra de votos, a gravidade dos fatos narrados no inquérito do golpe é "qualquer coisa de especial".
“O fato em si também é muito diferente de tudo o mais. No Mensalão se falava: está se corrompendo a democracia, a compra de votos. Aqui é uma coisa muito mais grave, quando se fala de matar o presidente da República, matar o vice-presidente, matar o ministro do Supremo, prender outros, fazer uma intervenção… sabe, é algo [que] se formos buscar uma comparação, por exemplo, com o Mensalão, nós vamos dizer, poxa, é algo, ainda que tivesse a ver com democracia e a liberdade de voto, mas é algo totalmente diverso. A gravidade, portanto, dos fatos narrados é qualquer coisa de especial, e que se tem avançado tanto”, falou o ministro.
O ministro ainda contesto as tentativas de afastar os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino do julgamento, ressaltando que todos os ministros devem participar da análise do caso. Mendes enfatizou a importância de assegurar a mais ampla e plena defesa a todos os investigados e que todos os fatos da denúncia eventualmente duvidosos sejam examinados e questionados.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de chefiar uma organização criminosa armada para tentar um golpe de Estado em 2022. Bolsonaro e outros 33 denunciados são acusados de crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e deterioração de patrimônio público.
Sobre o Mensalão
O Mensalão foi um escândalo de corrupção e compra de votos que veio à tona em 2005, envolvendo membros do governo federal brasileiro, principalmente do Partido dos Trabalhadores (PT). O esquema consistia no pagamento regular de mesadas a parlamentares em troca de apoio político ao governo no Congresso Nacional. Os recursos eram desviados de contratos públicos e repassados a deputados por meio de empresas de publicidade e intermediários. O caso resultou em um extenso julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou diversos políticos, empresários e operadores do esquema por crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Entre os políticos presos pelo esquema à época estão:
Aqui estão alguns dos principais políticos que foram presos no escândalo do Mensalão:
- José Dirceu: Ex-ministro da Casa Civil, condenado por corrupção ativa.
- José Genoino: Ex-presidente do PT, condenado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
- Delúbio Soares: Ex-tesoureiro do PT, condenado por corrupção ativa.
- João Paulo Cunha: Ex-deputado federal (PT-SP), condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato.
- Henrique Pizzolato: Ex-diretor do Banco do Brasil, condenado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
- Marcos Valério: Empresário e publicitário, condenado por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
- Ramon Hollerbach: Ex-sócio de Marcos Valério, condenado por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
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