Tensão no STF: Moraes ameaça prender Aldo Rebelo durante depoimento em que fala de censura

José Cruz/Agência Brasil

Brasília — O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, protagonizou um momento de tensão durante o depoimento do ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo nesta sexta-feira (23). Rebelo foi ouvido como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

O episódio ocorreu quando Rebelo, ao ser questionado sobre a possibilidade de Garnier ter colocado tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro, iniciou uma explicação sobre semântica e força de expressão na língua portuguesa. “É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente”, comentou.

Na sequência, Moraes interrompeu a digressão e exigiu uma resposta objetiva, afirmando que a Corte não estava interessada em interpretações linguísticas. Diante da insistência do ministro, Rebelo rebateu, e respondeu: “a minha apreciação da língua portuguesa é minha, e eu não admito censura na minha apreciação”. Moraes, então, advertiu o ex-ministro, ameaçando prendê-lo por desacato caso não se comportasse e respondesse diretamente à pergunta.

Após o embate, Rebelo respondeu que o comandante da Marinha não poderia acionar tropas de forma unilateral, pois qualquer movimentação militar exigiria consulta a toda a cadeia de comando das Forças Armadas. O depoimento seguiu sob clima tenso, com Moraes encerrando questionamentos adicionais sobre o tema, alegando que não eram relevantes para o processo.

O caso faz parte da investigação que apura a suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo Bolsonaro e outros altos oficiais militares. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República, também prestou depoimento, negando ter conhecimento de qualquer plano golpista.