Oposição conquista presidência e relatoria da CPMI do INSS e celebra avanço político

Saulo Cruz | Agência Senado

Em uma reviravolta política no Congresso Nacional, parlamentares da oposição comemoraram nesta quarta-feira a eleição de seus representantes para os dois principais cargos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi eleito presidente da comissão, enquanto o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) assumirá a relatoria.

A vitória da oposição foi considerada uma derrota significativa para o governo, que esperava emplacar nomes aliados para controlar os rumos da investigação. O Palácio do Planalto apostava no senador Omar Aziz (PSD-AM), apoiado pelo presidente Lula e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), como favorito à presidência da CPMI. No entanto, Viana venceu com 17 votos contra 13, resultado de uma articulação de última hora que garantiu maioria à oposição.

A CPMI foi criada para apurar irregularidades em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões, em um esquema que, segundo investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,4 bilhões. A operação “Sem Desconto”, deflagrada em abril, revelou a existência de cobranças fraudulentas de mensalidades associativas aplicadas sobre benefícios previdenciários.

A relatoria nas mãos da oposição é vista como estratégica, já que o relator tem poder de conduzir os trabalhos e elaborar o relatório final. O deputado Alfredo Gaspar, conhecido por sua atuação firme em comissões anteriores, deverá liderar os esforços para aprofundar as investigações e responsabilizar os envolvidos.

“Foi uma articulação dos últimos dias. Agradeço cada um dos 17 senadores que confiaram em nosso compromisso com a verdade e com os aposentados brasileiros”, declarou Carlos Viana após a eleição.

A oposição agora promete uma condução independente e rigorosa da CPMI, enquanto aliados do governo avaliam os impactos políticos da derrota e buscam alternativas para mitigar os danos. A expectativa é de que os trabalhos da comissão se intensifiquem nas próximas semanas, com convocações de autoridades e representantes de entidades envolvidas nos acordos com o INSS.