
O relatório da Defensoria Pública do Distrito Federal sobre a morte de Cleriston Pereira da Cunha, na segunda-feira (20), preso político acusado de participação nos atos 8 de janeiro, e que estava preso na Papuda aponta que houve demora no atendimento, além de faltar equipamentos para prestar os devidos socorros.
No relatório também consta que Cleriston foi atendido "mais de 10 vezes ou pediu atendimento médico, ao longo do tempo em que passou preso”.
Outro agravante é que, Cleriston teria sido avaliado por um médico com o suporte de um estetoscópio e aparelho para medir pressão arterial, e segundo o relatório os “instrumentos são inadequados para a urgência médica”.
Antes da chegada da equipe do SAMU e Corpo de Bombeiros, os primeiros socorros de Cletriton foi feito por uma equipe multidisciplinar do próprio Complexo da Papuda e colegas tentaram reanimá-lo. Ele teria sido avaliado por um médico com o suporte de um estetoscópio e aparelho medidor de pressão arterial.
Segue o trecho do relatório da Defensoria Pública com o relato dos presos:
“Os presos, em uníssono, por sua vez, disseram às duas Defensoras Públicas presentes que o atendimento ao preso foi demorado. Que não havia desfibrilador no local, tampouco cilindro de oxigênio.
Contaram que estavam reunidos no pátio, durante o banho de sol, quando Sr. Cleriston Pereira da Cunha começou a passar mal. Contaram, ainda, que a policial penal, que tomava conta deles, entrou em desespero por não saber como apoiar e passou a enviar mensagens, solicitando ajuda. Informaram que os próprios colegas de ala tentaram reanimá-lo, pois um deles é médico e o outro é dentista, oportunidade em que o senhor Cleriston conseguiu, por duas vezes, respirar. Depois de, aproximadamente, vinte e cinco minutos, apareceu uma médica com estetoscópio e aparelho para medir pressão arterial, instrumentos inadequados para a urgência médica.
No dia do óbito, foi ponto facultativo no Governo do Distrito Federal, o que levou a ter menos servidores no local que o habitual e o GEAIT (área da saúde do presídio) estava fechado.
Contaram ainda que, na quinta feira anterior (16/11/2023), as visitas dos familiares que eram do sexo masculino não ocorreram e apenas os familiares do sexo feminino puderam entrar, mas não souberam informar os motivos da restrição. Muitos familiares dos presos tiveram gastos com passagens e estadia em vão, pois vieram para ver seus parentes e não conseguiram vê-los. O irmão do Sr. Cleriston Pereira da Cunha veio da Bahia, em 16.11.23, mas teve que voltar sem conseguir falar com o irmão.
Contaram, ainda, que o senhor Cleriston tinha histórico de diabetes e problemas cardíacos e estava muito entristecido com sua situação de preso e distante da família. Acrescentaram que, quando Sr. Cleriston Pereira da Cunha foi preso, ele foi levado algemado e desmaiado; que ele demorou muito tempo para receber os medicamentos que precisava tomar; que desmaiou várias vezes. Por mais de 10(dez) vezes foi atendido ou pediu atendimento médico, ao longo do tempo em que passou preso. Era levado ao “coró”, por vezes vomitava, depois se sentia melhor e era devolvido à cela. Estava tão fragilizado que, algumas vezes, era levado com ajuda dos colegas ao banho de sol, já que há uma regra no presídio que nenhum preso pode ficar sozinho na cela enquanto os outros vão ao banho de sol.
Por fim, destacaram que somente depois de, aproximadamente, quarenta minutos, o atendimento médico que poderia efetivamente salvá-lo chegou, mas o Sr. Cleriston Pereira da Cunha já havia falecido. Frisaram que, no dia 20.11, Sr. Cleriston Pereira da Cunha acordou bem.”
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