Crise na Câmara: Sóstenes Cavalcante desafia relator Paulinho da Força sobre projeto de anistia

O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), lançou um ultimato ao relator do projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Em declaração contundente à GloboNews, Sóstenes afirmou: “Ou aprova a anistia, ou Paulinho pede para sair”.

A fala expõe o racha interno entre parlamentares da direita e o relator, que sinalizou intenção de substituir a proposta de anistia ampla, geral e irrestrita por um projeto focado na redução de penas — apelidado de “PL da Dosimetria”. A mudança desagradou profundamente aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que consideram a anistia total como condição inegociável para apoiar o texto.

Segundo Sóstenes, a proposta de Paulinho contraria os princípios da direita: “Onde já se viu alguém da direita votar para reduzir pena? Quem reduz pena é a esquerda. Não aceitamos”, declarou. O líder do PL prometeu levar a questão à bancada do partido na próxima semana, exigindo alinhamento com a proposta original de anistia.

A escolha de Paulinho como relator também gerou desconforto por sua proximidade com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente Alexandre de Moraes, e por sua participação em reuniões com figuras como Michel Temer e Aécio Neves. Nessas articulações, teria sido acordado um texto mais moderado, com apoio do Executivo e do Judiciário, visando “pacificar o país”.

A reação bolsonarista foi imediata. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reiterou que só aceita a anistia ampla, geral e irrestrita. Já o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) classificou a escolha de Paulinho como “frustrante” e criticou a condução do projeto como uma “decepção” para a base conservadora.

O impasse promete acirrar os ânimos na Câmara e dificultar a tramitação do projeto, que já enfrenta resistência no Senado e oposição declarada do STF. A próxima semana será decisiva para o futuro da proposta e para a permanência de Paulinho da Força como relator.