“Deveria estar solto”, destaca Wall Street Journal ao criticar prisão de Filipe Martins e questionar registro migratórios
- Luana Valente
- há 17 horas
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Em editorial publicado no domingo, 27, o jornal norte-americano The Wall Street Journal defendeu a libertação de Filipe Martins, ex-assessor internacional do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente em prisão domiciliar no Paraná. O Sr. “Martins deveria estar em liberdade enquanto prepara sua defesa”, destacou trecho do texto levantando sérias dúvidas sobre a legalidade da detenção, apontando o uso de registros migratórios supostamente falsos como base para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o editorial, autoridades brasileiras estariam utilizando dados incorretos do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP) para justificar a prisão preventiva de Martins, sob alegação de risco de fuga. O jornal afirma que esses registros indicariam a entrada do ex-assessor nos EUA em dezembro de 2022, junto à comitiva presidencial, embora ele negue ter viajado.
A defesa de Martins sustenta que ele permaneceu no Brasil e que os registros apresentados pela Polícia Federal foram adulterados ou resultam de erro do sistema norte-americano. Depoimentos como o do embaixador André Chermont, ex-chefe do Cerimonial da Presidência, reforçam essa versão, indicando que Martins chegou a constar na lista de passageiros, mas foi retirado posteriormente.
O Wall Street Journal também critica a atuação do governo dos EUA, alegando que advogados estariam obstruindo o acesso da equipe jurídica de Martins aos documentos migratórios. O editorial alerta que a falsificação de dados compromete não apenas o direito de defesa do acusado, mas também a segurança nacional americana.
"Um tribunal brasileiro vem usando registros falsos do CBP para deter o Sr. Martins como um risco de fuga desde março de 2024 na investigação de um suposto golpe de Estado de Bolsonaro contra o presidente brasileiro Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva", afirma o jornal norte-americano.
Em meio à escalada de tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, o jornal sugere que o presidente Donald Trump deveria priorizar uma investigação transparente sobre os registros migratórios antes de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, medida anunciada como resposta ao julgamento de Bolsonaro no STF.
O caso de Filipe Martins está inserido na operação Tempus Veritatis, que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele é acusado de integrar o chamado “núcleo jurídico” da trama, responsável pela elaboração de minutas para decretar estado de sítio e aplicar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Martins nega todas as acusações.
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