Dólar sobe após decisão do STF sobre IOF e mercado reage com cautela

G1

O dólar iniciou esta quinta-feira (17), em alta frente ao real, refletindo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que restabeleceu a maior parte do decreto presidencial que eleva as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A medida, publicada originalmente em 11 de junho, havia sido suspensa pelo Congresso Nacional, mas voltou a vigorar após Moraes considerar que o Executivo agiu dentro de suas prerrogativas constitucionais ao editar o decreto. A única exceção mantida foi para as operações de “risco sacado”, modalidade de antecipação de recebíveis usada por empresas, que permanecerão isentas do tributo.

Com a decisão, o dólar à vista subiu 0,69% pela manhã, sendo negociado a R$ 5,6068. A alta é atribuída à reação dos investidores diante da retomada das alíquotas mais elevadas do IOF, especialmente sobre operações de câmbio, como compra de moeda estrangeira e remessas internacionais, que passaram de 1,1% para 3,5%.

Além disso, o cenário externo contribuiu para a valorização da moeda americana. Dados positivos da economia dos Estados Unidos e tensões comerciais entre Brasil e EUA — incluindo a ameaça de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — aumentaram a aversão ao risco e impulsionaram o dólar como ativo de proteção.

Especialistas apontam que a decisão do STF, com efeito retroativo, pode gerar passivos tributários inesperados para empresas e investidores, afetando operações realizadas entre 4 e 16 de julho, período em que o decreto esteve suspenso. A medida ainda será submetida ao referendo do Plenário do STF em agosto, podendo sofrer ajustes.

A retomada do decreto também causa tensões entre os poderes Executivo e Legislativo, já que o Congresso havia sustado a medida anteriormente. No mercado financeiro, há receio de que o fortalecimento político do governo, impulsionado por pesquisas de popularidade, possa enfraquecer candidaturas mais alinhadas à austeridade fiscal em 2026.