PGR barra tentativa de notificação de Alexandre de Moraes em ação movida nos EUA
- Luana Valente

- 16 de out.
- 2 min de leitura
A Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que rejeite o pedido de notificação do ministro Alexandre de Moraes, feito por empresas ligadas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em ação movida na Justiça americana.

Em parecer sigiloso enviado ao STJ, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou contra a tentativa da plataforma de vídeos Rumble e da empresa Trump Media de intimar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no Brasil. A ação judicial foi movida nos Estados Unidos, mais precisamente na Justiça Federal da Flórida, e acusa Moraes de violar a liberdade de expressão ao ordenar a remoção de perfis bolsonaristas de redes sociais, decisão que as empresas classificam como censura e perseguição judicial.
A reação internacional teve início em fevereiro deste quando as plataformas acionaram a Justiça americana para contestar decisões do ministro que, segundo elas, afetaram diretamente suas operações e usuários. Em agosto, o STJ recebeu uma notificação da Justiça da Flórida solicitando que Moraes fosse intimado a responder à ação. No entanto, a PGR argumentou que as decisões de Moraes foram tomadas no exercício de sua função jurisdicional e, portanto, só podem ser contestadas perante a Justiça brasileira.
O parecer da PGR destaca que permitir o prosseguimento da ação nos Estados Unidos colocaria em risco a independência do Judiciário brasileiro, uma vez que abriria precedente para que magistrados nacionais fossem responsabilizados por decisões judiciais em cortes estrangeiras. A Procuradoria também reforçou que não se trata de atos privados ou de gestão, mas sim de decisões judiciais que envolvem a proteção da ordem democrática e o combate à desinformação.
A recomendação da PGR é para que o presidente do STJ, ministro Herman Benjamin, rejeite o pedido de notificação para que Moraes seja intimado no Brasil por uma ação movida fora do país. A decisão final ainda depende do julgamento do STJ.
Esse cenário externa a tensão entre setores político e Judiciário brasileiro, especialmente após decisões que levaram à condenação de figuras consideradas centrais da de uma suposta tentativa de golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes, relator de diversos processos considerados desproporcionais por críticos, acabou se tornando alvo de repúdio e ações judiciais pela oposição, inclusive no exterior.
Até o momento, não há previsão de que o STJ acate o pedido, e a tendência é que a recomendação da PGR seja seguida.






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